“Ao procurar literatura sobre árvores, fungos e outros animais e seres da nature…


“Ao procurar literatura sobre árvores, fungos e outros animais e seres da natureza, descobri que em espanhol havia poucos escritos. E quando alguém fazia alusão a livros que colocavam a natureza em primeiro plano, referia-se a esse tipo de escrita como nature writing. Recorrer a uma expressão estrangeira resumia a distância existente entre os falantes do meu idioma e quase toda a natureza não humana [ou mais-que-humana], e, ao imaginar maneiras de encurtar essa distância, surgiu uma palavra: liternatura. Com ene.

O neologismo é autoexplicativo e, desde o seu surgimento, tem ajudado a situar e justificar autoras e autores que colocam a natureza em posição central, dando destaque a animais, plantas, minerais, e tratando os cinco elementos como personagens principais.

Nos últimos anos, várias pessoas da América Latina me disseram que, em geral, só se escreve sobre a natureza para denunciar a poluição dos rios, a grande exploração madeireira, os pampas secos devido às mudanças climáticas… Conclusão: a natureza latino-americana está em uma posição defensiva, quando na realidade é ela que impera.

Portanto, há uma infinidade de temas cruciais que ainda não foram abordados, embora a conscientização esteja gerando uma primeira onda de cientistas humanistas e escritores capazes de narrar todos os tipos de natureza usando o vocabulário correto.”

Este post marca a estreia de um novo espaço em SUMAÚMA: o LiterNatura. A palavra, seu conceito e muitas reflexões são apresentados pelo jornalista e autor catalão Gabi Martínez (@gabimartinezvoy), um experiente escritor da natureza, de lugares e dos seres vivos. Martínez viveu durante um ano com pastores em uma “dehesa” (ecossistema tradicional de agrofloresta e pastagem em uma região rural em La Siberia, na Espanha) e outro na última casa antes do mar na Ilha de Buda, na Catalunha, a primeira a ser engolida pelas águas nos anos seguintes. Depois dessas experiências, ele escreveu “Um Cambio de Verdad” e “Delta”.

Leia o primeiro artigo em sumauma.com ou no link da bio.

Arte: “Anciã”, de Moara Tupinambá (@moaratupinamba)

 



Instragram