Fazendas de gado que abastecem os três maiores frigoríficos do Brasil – JBS, Mar…


Fazendas de gado que abastecem os três maiores frigoríficos do Brasil – JBS, Marfrig e Minerva – desmataram em Mato Grosso, em menos de dois anos, uma área de Cerrado equivalente a toda parte urbana de Brasília e arredores, de acordo com um relatório inédito da organização britânica Global Witness (@global_witness) analisado com exclusividade no Brasil por SUMAÚMA. O estudo mostra ainda que a maior parte dessa destruição ocorreu de maneira ilegal. Em 2023, o Cerrado ultrapassou a Amazônia e voltou a ser o bioma mais desmatado do país, o que não acontecia desde 2018. A metade de sua cobertura florestal já foi destruída para dar lugar a pasto, lavouras – principalmente de soja, milho e algodão – e cidades.

Localizado na região Centro-Oeste do Brasil, Mato Grosso é o estado que abriga o maior rebanho bovino do país. Eram 34 milhões de animais em 2022, registra o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – ou nove bois para cada habitante humano. Foi também onde mais se mataram bois e vacas para a venda da carne em 2022: algo como 4,7 milhões, ou 16% dos quase 30 milhões de abates em todo o Brasil. O total de bovinos mortos no país aumentou 7,5% em relação a 2021.

Mato Grosso é um exemplo de como a legislação ambiental é mais tolerante com o desmatamento no Cerrado. O estado exige que apenas 35% de vegetação original seja preservada em propriedades rurais no bioma – na Amazônia, o percentual pode chegar a 80%. A Global Witness destaca ainda que um a cada três bovinos comprados por JBS, Marfrig e Minerva de fazendas localizadas no Cerrado mato-grossense viveu em área desmatada para virar pasto.

Os achados da Global Witness são fruto do cruzamento de dados disponíveis ao público com outras informações que as autoridades costumam manter em sigilo. Saiba mais em sumauma.com ou no link da bio.

Reportagem: Rafael Moro Martins
Fotos: Cesar Diniz, Amanda Perobelli/Reuters, @Josemoraes/Getty Images, Rubens Cavallari/Folhapress, Alessandro Falco/SUMAÚMA e Paulo Whitaker/Reuters



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